Texto: 2 Tessalonicenses 3.1-5.
Espero que o sermão desta noite não fique parecido com uma última aula de homilética para os formandos, mas eu não posso deixar de apresentar bem claramente uma proposição: Todos devemos orar intensamente pelos pastores. De outra forma: é imprescindível que tanto os novos pastores, quanto os velhos, sejam alvos das orações de todos aqui.
Devemos orar por eles; esta é a principal lição deste texto.
Paulo, o homem mais cheio do Espírito Santo que já existiu, um homem que teve encontros pessoais com Jesus, sentia necessidade de que as igrejas orassem por ele. Ele destaca esta necessidade no último capítulo de uma Epístola em que fala da volta de Jesus. Naquele tempo deveria haver intensa oração por ele. Quanto mais nós necessitamos desta dádiva. O próprio Senhor Jesus orava e pedia que seus discípulos orassem, não por Ele, mas com Ele. Assim, imagino, que no gesto dos irmãos em virem aqui, em prestigiarem esta formatura, em louvar ao Senhor pelas bênçãos deste dia, haverá também uma motivação maior para orar por eles e por todos os pastores que lhes são conhecidos.
Paulo nos dá 04 razões:
1. POR CAUSA DA PALAVRA DE DEUS (V.1)
Para que a Palavra de Deus seja pregada e seja glorificada.
Se os crentes querem ouvir bons sermões, devem orar pelo seu pastor. Onde o evangelho não é pregado, também não é glorificado.
A pregação glorifica a palavra de Deus e o Deus da Palavra, pois é uma exibição brilhante de Sua pessoa e Sua obra.
Lábios humanos, através da pregação, fazem com que Deus seja glorificado.
A pregação é o aroma de vida para a vida, dos que se salvam, e o cheiro de morte para os que se perdem (2 Co 2.6-5-16). Paula já havia pedido oração por ele em Efésios 6.19-20.
Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos;
e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho,
pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo.
Os irmãos devem orar por estes novos obreiros e pelos seus pastores para que, quando eles pregarem, a Palavra seja gloriosa e glorificada. Isto já acontecia naquela igreja (como também está acontecendo entre vós), e deve acontecer hoje. Assim, orem antes que eles subam ao púlpito, orem enquanto estão lá e orem depois que descerem, para que a Palavra continue reverberando nas mentes dos ouvintes durante muito tempo.
2. POR CAUSA DOS HOMENS MAUS (V.2)
Para que sejamos livres dos homens perversos e maus
Sempre haverá homens perversos, na sua maioria fora da igreja, mas também dentro. Paulo cita pessoas que lhe fizeram muito mal. Vejamos:
1- Ele foi acoitado várias vezes (Pelo contrário, em tudo recomendamos-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns (2 Co. 6.4,5).
2- Ele foi ferido por gente próxima dele (2 Tm. 4.14: Alexandre, o latoeiro me causou muitos males).
Além da maldade humana existe a condição caída do homem.
Os pastores pregam para gente cuja natureza ou não foi transformada pela conversão, ou ainda está em um processo de santificação. Em ambos os casos a velha natureza é inimiga de Deus e somente debaixo de oração estes pastores podem obter resultado em seu ministério.
Gardiner Spring se expressou assim sobre esta questão:
Ensinamos com tanta clareza e frequência os mandamentos divinos, e os homens menosprezam a autoridade de Deus.
Falamos clara e repetidamente sobre os juízos de Deus, e os homens desprezam a justiça de Deus.
Pregamos amavelmente sobre as promessas de Deus, e os homens não atentam à fidelidade dEle.
Proclamamos o Filho amado de Deus, e os homens ameaçam pisoteá-Lo.
Falamos sobre a paciência e a longanimidade de Deus, mas a impenitência e a obstinação dos homens constituem provas contra todos eles.
Arrazoamos e imploramos aos homens, até que os obstáculos para a conversão deles parecem se tornar cada vez mais elevados por intermédio de cada esforço que empreendemos para vencê-los; até que, finalmente, caímos em desânimo e clamamos:
“Que poder é capaz de esmigalhar esses corações semelhantes a granito? Que braço onipotente pode resgatar das chamas eternas esses homens condenados?”
Ó igrejas compradas por sangue, os seus pastores necessitam de suas orações, suplicando a suprema grandeza daquele poder que Deus manifestou em Cristo, ressuscitando-O dos mortos. (Ef.1.19,20).
Somente pastores cobertos por orações amorosas e fervorosas serão capazes de pregar de tal forma que desafie os homens perversos e quebrante os corações mais duros. Demos orar.
Porque devemos orar então? Para que eles sejam firmes diante das provações e inimizades dos homens maus, e para que a sua pregação desperte a alma dos perdidos, e que produza transformação nos crentes mais endurecidos.
3. POR CAUSA DA AÇÃO MALIGNA (v.3)
Ele vos confirmará e guardará do Maligno.
Paulo entende que por traz dos homens maus está o maligno (v.3) De fato, nos diz Paulo em Efésios 6.12, a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Os Pastores, especialmente, são alvos do maligno.
Quem e o que são os ministros do evangelho? São homens fracos, falíveis, pecadores, expostos a todas as armadilhas e a todos os tipos de tentação. E, devido ao lugar de observação que ocupam, os pastores são alvo fácil para os dardos inflamados do Maligno.
Eles não são vítimas triviais que o grande adversário está procurando, quando deseja ferir e mutilar os ministros de Cristo. Tal vítima é a mais digna da atenção do reino das trevas do que grande número de homens comuns. Por esta mesma razão, as tentações dos pastores são provavelmente mais sutis e severas que as enfrentadas pelos crentes comuns.
O ardiloso Enganador fala em destruir os pastores, ele se concentra astuciosamente em neutralizar a influência deles, por meio de abafar o fervor da piedade neles, levando-os à negligência e fazendo tudo o que pode para transformar a obra deles em um fardo insuportável.
Quão perigosa é a condição de um pastor cujo coração não é encorajado, que não tem as mãos fortalecidas e não é sustentado pelas orações de seu povo. Não é somente em oração particular e em seus próprios joelhos que o pastor encontra segurança e consolação, bem como pensamentos e regozijos e enobrecem, humilham, purificam. Porém, quando os crentes buscam estas coisas em favor do pastor, este se torna um homem melhor e mais feliz, um ministro mais útil do evangelho eterno. Gardiner Spring
Quão vitoriosos serão estes pastores, missionários e educadores, se forem sustentados pelos seus irmãos e por suas ovelhas, em oração. Que golpe na cabeça do inimigo representam as orações das ovelhas por seu pastor. Paulo pede oração por ele, entendendo que representa todos os que militam no ministério santo. Unamos-nos ao Senhor Jesus que orou pelos seus apóstolos:
Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal (Jo. 17.15).
4. POR CAUSA DA IGREJA (v.4,5).
O Senhor vos conduza ao amor de Deus e à constância em Cristo
Finalmente Paulo entende que tanto ele quanto todos os ministros devem ser alvos da oração por causa do crescimento da igreja. Esta igreja de Tessalônica praticava as coisas que foram a ela ensinadas, de maneira contínua, e isto era fruto da oração. Eles eram conduzidos ao amor e à perseverança, constância em Cristo. Aqui fala de um crescimento rotineiro, mas constante, sempre, sem parar, até a volta de Jesus. (v. 5). Explicar doutrinas, disciplinar, ensinar, aconselhar, defender a verdade com versatilidade, somente debaixo de oração. Quanto mais orar pelos pastores mais os crentes o amarão e o respeitarão, mais interesse terão em sua vida e ministério, atenderão aos seus desafios, e os filhos dos crentes sentirão interesse mais profundo tanto no pastor quanto na pregação dele, se ouvirem com regularidade súplicas que confiam efetivamente o pastor ao trono da graça celestial.
Conclusão
Que prazeroso será exercer o ministério sabendo que é alvo de oração. Quão inefavelmente precioso é o pensamento de que todos os que labutam nesta obra grandiosa, jovens ou velhos, são lembrados nas orações das igrejas. Se orarem os crentes receberão um ministério em sua plenitude.
Quatro desafios:
- Lembrem-se destes rostos e destes nomes. Orem por eles, especialmente no início de seus ministérios. Se não orarem por todos, orem sempre, e muito, por aquele, ou aquela que foi o motivo de sua vinda aqui nesta noite.
- Orem pelos seus próprios pastores. Não falem mal deles, orem por eles; não os menosprezem, orem por eles; não sejam inimigos deles, orem por eles. Na benção deles vocês serão abençoados. Não deem descanso a Deus neste ofício. Fale com Deus sobre a fraqueza de seus pastores e a necessidade que eles têm do poder de Deus. Cubra-os com o manto da oração; falem com Deus sobre a família do seu pastor, sobre os filhos deles, sobre as finanças dele Sejam parceiros dele em oração.
- Incentivem seus filhos a orar pelos pastores. Quem ora passa a amar, passa a respeitar, passa a ouvir com atenção. Muita gente perdeu seus filhos para o mundo porque o prato principal de suas mesas era o pastor; assim seus filhos aprenderam a não honrá-lo. O contrário é verdadeiro, orem por ele com sua família e vejam o quando Deus se agradará deste gesto.
- Os formandos aqui devem orar por si mesmos, mas também, com toda humildade, devem pedir que o povo de Deus interceda por eles. Desse exercício depende o ministério de vocês. Lembrem-se de que sem a intervenção natural de Deus vocês não poderão fazer nada, vocês não serão nada, vocês não construirão nada, vocês não frutificarão nada. Peçam oração, mas orem também. O nosso Senhor e Salvador Jesus nos diz uma palavra final:
Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (João 15.6).
Mensagem pregada pelo Pr. Luiz César Nunes de Araújo por ocasião da formatura do Bacharelado em Teologia, no SETECEB, no dia 29 de novembro de 2014.